26/04/2010


In Sight at Last (Restrike Etching)
by Herbert Thomas Dicksee

EU IREI CONTIGO,na hora batel de flores,
Pelo rio improfícuo de nos sentirmos viver,
Sem remos nem alarde ao acaso das cores
Que o poente pinta no incerto rio, perder

O sentimento preciso da contigência das cousas,
A líquida confusão de viver com sentir,
E tudo isso será uma ilha cheia de rosas
A meio do rio, ensombrando o barco passando rente, a delir

A sua forma na água e na tarde.Iremos
Para a dissimulação magoada onde o rio alarga
E cansa vagamente não termos vela nem, remos,
Nem um destino pensado para alívio da hora amarga.

Tudo isto se terá passado quando chegarmos, no escuro,
À vida, onde outra cousa que nós nos acontece,
Nas áleas de labirinto por onde à terra desce
O guarda do Vale das Névoas e da Porta no Muro.

Fernando Pessoa
In Poesia

2 comentários:

solreis disse...

Olá!!Parabéns pelas excelentes poesias e belíssimas imagens.Vale a pena horas e horas no pc o resultado nao só e maravilhoso para quem escreva mas também para quem tem o prazer de apreciar tao bom gosto na escolha de texto e imagem.
Bjs Sol

Dione Coppi disse...

Obrigada pela visita, Sol...bjs