08/06/2010
ABRIGO DE SERPENTES
A Fine Four-Tile Panel by William de Morgan
Na casa
moram serpentes:
guizos dentro das paredes,
veneno pairando dos tetos
gotejando, de si,
o próprio remédio.
Nos cantos
esquecidos,
lembrar é verter
a presença.
Alguém reside,
cansado dos retornos.
Em torno,
o silêncio instala
a convivência de duas vozes.
Há o que ama,
se ungido na saudade;
o outro sabe-se repleto,
vagando quartos
da paixão indormida.
Reduto de pedra,
a água
sublima o rosto.
Dois olhos
marejam distâncias.
Rita de Cássia Alves
In Ensaio de Pérolas
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