04/06/2010

O AMOR


BY Arranging Daffodils by Carl Thomsen

O que tu tens, que temos,
que nos passa?
Ai, nosso amor é uma corda dura
que nos amarra e fere
e se queremos
deixar nossa ferida,
separar-nos,
nos faz um novo nó e nos condena
a nos sangrar e a juntos nos queimar.

O que tens? Te contemplo
e nada encontro em ti senão teus olhos
como todos os olhos, uma boca
perdida entre mil bocas que beijei, mais formosas,
um corpo igual aos que já resvalaram
pelo meu corpo sem deixar memória.

Vazia caminhavas pelo mundo
como uma simples jarra cor de trigo
sem ar, sem nenhum som, sem substância!
Em vão busquei em ti
profundidade para meus braços
que escavam, sob a terra, sem cessar:
sob tua pele, sob teus olhos
nada,
e sob teu duplo peito levantado
apenas
uma corrente de ordem cristalina
que não sabe por que corre cantando.
Por que, por que, por que,
ai, meu amor, por quê?

Pablo Neruda
In Os Versos do Capitão

2 comentários:

Sanches Figueiredo disse...

Amor que fere, sangra e amarra. E tem gente quem ainda deseja um novo nó! Mas, eu não chamo isso de amor. Amor é atenção, é cortesia.

.........(fragmentos da minha poesia amor Cortês)]
A beleza do Amor cortês
habita os corações de um cravo e de uma flor de lis.
Nos gestos do casal, a candidez,
acende o lume de uma relação feliz.

Este sopro terno de amor
vem da verdadeira atenção.
É capaz de curar qualquer dor
e de unir a mente ao coração.

Amor que atravessou o tempo,
desde a primeira vez.
Amor com mais sentimento.
É este o novo amor cortês.
.....................
Sanches Figueiredo

Dione, linda essa poesia de Pablo Neruda.

Dione Coppi disse...

Boa noite,Sanches...obrigada pela visita e pela bela poesia.
Amor,amor...sempre tema de belas poesia. Beijo!