04/06/2010

A MULHER DOS MEUS PRIMEIROS SONHOS


Olivia, 1880 by Marcus Stone

Mulher que em meu caminho à minha dor te igualas
por este amor estranho que nasceu ao vibrar
aquela mágoa antiga que me rompeu as asas
e que pôs doloridas rosas no meu cantar.

Sempre te levei toda minha vida aos soluços
em meu cansado sangue de inútil bem-querer,
tão-somente neste algo que se fez doloroso
pela inútil lenda, tua voz de mulher.

Sempre, sempre na vida, como a irmãzinha triste,
a quem nunca falei porém sei que ela existe
por este amor estranho que se estancou em dor.

Por estas rosas tristes de meu canto mofino,
porque me perfumaste com aromas do ninho
de todas as minhas dores e deste estranho amor.

Pablo Neruda
In Cadernos de Temucos

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