22/07/2010

TODAS AS MORTES























Já morri todas as mortes,
todas as mortes quero tornar a morrer
morrer morte de madeira na árvore,
morrer morte de terra no chão,
morte de folha na relva a crepitar no verão,
e a pobre morte de sangue no ser humano.

Flor quero ser quando nascer de novo
árvore e relva quando de novo nascer,
peixe e gamo, pássaro e borboleta,
e dessas formas todas
o anelo irá conduzindo meus passos
para as dores mais altas
- as dores do ser humano.

Ó arco tenso a vibrar,
quando o punho do furioso anelo
os dois pólos da vida
tenta envergar até  que os dois se toquem!
Mais uma vez e muitas vezes mais,
da morte ao nascimento, me perseguirás
na dolorosa via da materialização
- maravilhosa via da materialização.

Hermann Hesse
In Andares
tela by Adam Dabrowski

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