16/10/2010

FOSSES TU DEUS, SERIA EU SANTO






















Fosses tu deus, seria eu santo
alimentado a areia e gafanhotos,
sem cessar meditando o único nome
que o horizonte deserto contém.
Sonho que acordo dentro do meu sonho
para o saber mais certo e mais real;
como o místico leio nas entranhas
da ausência a tua sombra desenhada.
E no entanto és gente, sangue e terra,
corpo vulgar crescendo para a morte;
incerto no que fazes, no que sentes,
e cioso do tempo que me dás.
Porque sei que esqueces é que me lembro
cada instante o que perco e não vem mais.


António Franco Alexandre
In Duende
tela de Der Jen

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