19/12/2010
LAMENTO LENTO
Na noite do coração
a gota do teu nome lento
em silêncio circula e cai
e rompe e desenrola a sua água.
Algo deseja o seu leve dano
e a sua estima infinita e curta,
como o passo dum ser perdido
de repente ouvido.
De repente, de repente escutado
e repartido no coração
com triste insistência e acréscimo
como um sono frio de outono.
A espessa roda da terra
seu aro úmido de olvido
faz rodar, cortando
o tempo em metades inacessíveis.
Suas copas duras cobrem a tua alma
derramada na terra fria
com as pobres chispas azuis
a voar na voz da chuva.
Pablo Neruda
In Residência na Terra I
foto de Tanya Puntti
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