15/12/2010
POEMA DE NATAL
Estavas ao lado
das coisas perfeitas:
a flor
e o cantos do pássaros.
Mas era o tempo dos lobos.
Então romperam-te os tendões,
rasgaram a tua túnica.
Vomitaram sobre a Terra
até que tudo se fizesse lama,
rancor,
devassidão.
Em tenaz algaravia,
florestas e rios ruíram
sob a mídia.
Um silêncio de cinzas
ajuntou-se nas vértebras da vida.
Mas agora é natal
e o sol, qual maçã madura,
parece romper a clausura
das chagas.
A vigília amorosa
de novo floresce na brisa.
O canto dos pássaros
outra vez
recobre a pele verídica.
Por um momento
reatam-se os tendões
da esperança
e a túnica dourada do sonho
envolve a madrugada cósmica.
Qual nuvem, a galáxia
se move
lentamente
para o centro da montanha
onde estás , estou
nós dois, um só:
o filho e o Pai.
Alcides Buss
In Olhar a Vida
tela de Robert Campin Master of Flemalle
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