22/01/2011

DIVAGAÇÕES


















I

Sei de alguém que só recita
Poesia que entristece,
Porque na casa onde habita,
Onde sofre, onde adoece,

Só recebe uma visita,
Escondida numa prece
Ou numa frase bonita:
Só a musa lhe aparece.

Lembra coisas que comovem.
Mas quem é que vai chorar
Tendo versos pra rimar?

E enquanto os lábios movem,
As tristezas se dissolvem
Como as neblinas no ar.

II

Nas noites cheias de estrelas
A saudade suaviso.
Tenho olhos para vê-las,
É tudo quanto preciso.

Numa estrela como aquelas,
Nalguns versos de improviso,
Gravando a beleza delas
Minha vida romantizo:

Sou a Deusa, transportada
Num astro da imensidão,
Pelo céu toda abraçada,

Como o formoso clarão
Da noite toda estrelada,
Brilhando na escuridão.

III

A realidade vazia
Deixarei pra quem quiser;
Prefiro ser esmoler
Do mundo da fantasia.

Acordar pedindo ao dia
Um raio de sol qualquer,
À rosa mais rosicler,
A perfumada ambrosia.

A poesia ao caminho
Do horizonte descoberto,
À noite um doce carinho,

E as asas do passarinho,
Para mirar mais de perto
O céu de estrelas coberto.

Débora Leão
In Remoto Sonho
foto de  papaulo.martins no Flickr

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