03/01/2011
A EVOCAÇÃO DO HOMEM
I
Em que sangue do meu dia
me exiges?
Em que carne da minha noite
me devoras?
Ou em que face da luz
me consagras ou me choras?
Que seria dos deuses
sem as carruagens mágicas,
sem as terríveis labaredas
dos meus indefesos instrumentos
lúdicos?
Que seria das pirâmides
sem as gargalhadas do vento,
sem as arestas e os devãos
das areias?
II
Servir a vida.
A ceia ofertada em prato de cristal
é ouro que edifico
no código da terra.
Guardo nos meus olhos a tua paisagem.
O viço do riso,
o soluço do sino da memória
vem de barro
e vem do risco soturno
dos trovões.
E ainda que eu lave o céu
e o teu espelho de ferrugem e
caliças,
venha,
toma de teus ouvidos
e ouve agora
a harmonia das águas
nos contornos de teu rosto.
Venha,
porque quando a borboleta
sai do casulo
é a morte da lagarta.
Eulália Maria Radtke
In O Sermão das Sete Palavras
foto de a Dragan* no Flickr
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