03/01/2011
REQUIEM DA MORTE
I
Provisório até o fim
- ilha farol -
eu te desenho,
para que despontes
onde amar de amor
é beber a miragem
da paisagem
da espuma
no secreto barco de partir.
II
Sopra o vento um ar definitivo,
- fera absoluta, triste poesia,
elegias e odes -
tão calma, tão clara, tão cínicas
traves de solidão.
Sopra sim
nossas vidas
tão vastas e tão sentidas,
- um movimento um instante -
reduzindo o coração.
Procuras o norte
e o sul te sublinha.
Procuras o oeste
e o nordeste te arranha.
Procuras o infinito
e é no centro que teus braços
desprovidos de avisos,
que teus braços abraçam a vida
na rede do medo
( olhos de dor )
inútil será adiar.
III
Terá a morte alguma coisa
do presente?
O dias vão traçando cordas
para amarrar o coração à vida.
É grade que nos fecha
crispada e definida
na pátria mais quieta
de todas as solidões.
Inútil será adiar
inútil será adiar.
IV
E quando a face intacta
nos redimir num só enlevo,
numa só seiva e quebradas asas,
será nosso o pesa da terra
será nosso o peso da carne
será nossa
a haste mais profunda da palavra
morte.
E se secretos fomos
à princípios e crenças,
serão nossos
os altares da terra,
serão nossos
os nervos da corrente cantando
hinos,
serão nossas
a espada e a carne líquida
da luz,
SERÁ NOSSA
A PERFORMANCE DE DEUS.
Eulália Maria Radtke
In O Sermão das Sete Palavras
foto de Dragan* no Flickr
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