13/01/2011

SENTINELA




O sol aquece
o pequeno tédio
de águas baixas
nos últimos minutos de luz
esculpida
na recente maré de fevereiro
já os pássaros se afastam
inquietos
com o súbito despertar do sono da serpente

mais uma vez
aquela sentinela
em observação contínua
indolente
aproxima a linha invisível
da fronteira
sob o peso do fumo da noite
à conquista do inútil

sobe o ruído surdo da cidade
do outro lado
como uma sílaba tónica
sem sentir o céu

está a fazer-se tarde
sem tempo para outro nada

João-Maria Nabais
In Espírito do Vento

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