24/04/2011

MEMÓRIA AMOROSA

















Quando ele aparece
bonito e mudo se posta
entre moitas de murici.
Faz alto-verão no corpo,
no tempo dilatado de resinas.
Como quem treina para ver a Deus,
olho a curva do lábio, a testa,
o nariz afrontoso.
Não se despede nunca.
Quando sai não vejo,
extenuada por tamanha abundância:
seus dedos com unhas, inacreditáveis!

Adélia Prado
In O Pelicano
tela de Lawrence Alma-Tadema

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei seu blog, estou seguindo!