26/04/2011

A PROCURA DA INFÂNCIA























Procuro ouvir na voz do vento
o eco perdido da minha infância.
E no riso franco das criancinhas
eu vislumbro o meu riso antigo.
Procuro nas ruas desertas e silenciosas,
o canto alegre das cirandas
e as minhas correrias do tempo recuado.
Dentro daquela avenida asfaltada,
onde rolam automóveis de luxo,
eu busco a minha ruazinha feia e pobre.
Procuro ver nas bonecas de hoje,
tão lindas, de tranças sedosas,
a bonequinha de trapo que eu embalei no meus braços.
Procuro encontrar no rosto das neocomungantes
traços de minha inocência
e a primeira emoção daquela que ficou no tempo.
Procuro descobrir, desesperada,
na face ingênua das crianças
a minha pureza perdida.
Procuro em vão, pois não encontrarei jamais
vestígios da minha infância feliz,
que os anos guardaram no seu abismo.

Anilda Leão
In Chão de Pedra
tela de  June Dudley

Um comentário:

Eloah disse...

Lindo Poema.Faz reviver tanta coisa.Lembranças deliciosas, incomparáveis e insubstituíveis. Creio que na alma humana ainda exista a poesia e a sedução para encantar a vida.
Adorei! Abraços