De novo enches o bosque e vale
De bruma luzente, calma,
Também libertas, afinal,
Toda a minh'alma;
Sobre os meus campos estendes,
Como um bálsamo, a vista,
Como amigo que com ternura olhasse
Meu fado que o contrista.
Ecos de dias alegres e sombrios
Ferem-me o coração.
Vagueio assim entre alegria e dor
Por esta solidão.
Corre,corre,amado rio!
Minha alegria acabou;
Como tu, passaram beijos e gracejos,
E a lealdade passou.
Pois não tive outrora eu já
A preciosa graça?!
Oh! o martírio de não poder 'squecer,
Saber que tudo passa!
Corre, o rio, sussurrante pelo vale,
Sem parar, noites e dias!
Corre o múrmuro, ensina ao meu cantar
Secretas melodias.
Quando em noites de inverno
Bravejante desbordas,
Ou quando o esplendor da primavera
Com teu murmúrio acordas!
Feliz aquele que do mundo vão
Sem ódio deixa a luta,
E aperta um amigo ao coração
E com ele desfruta
O que, sem que o homem sequer saiba
Ou nisso atente,
Através do labirinto da alma
Erra à noite, silente.
Johann Wolfgang Von Goethe
Tradução de Paulo Quintela
Poesias Escolhidas
foto de javier.fazouro
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