23/08/2011

CANÇÃO À BOCA DA NOITE


A cidade é cinza,
da cor da esperança
(o verde ficou
na antiga criança)

É pálida a tarde
como o amor agora
(ambos já tiveram 
as cores da aurora)

Mas não há dois tempos,
passado e presente:
tudo é o mesmo conto
que jamais se mente

e põe no vazio
da cinza esperança
dos campos da aurora
de amor e criança

pois nada é presente
e nada é passado.
Tudo é o que é: apenas
real, porque sonhado.

Ruy Espinheira Filho
In Sob o Céu de Samarcanda
foto por  Orange Leaf

Nenhum comentário: