21/08/2011

SERRA DO MAR


A serra inteira
cavalo verde de crinas douradas,
a passos largos
entre a geologia e velhos trens.

Jacatirões perfilam
por desfiladeiros.
Tropas gregas em linha de combate,
serra abaixo.

Há um tear verde no ar,
rosa branco,lilás,
apanágio de deuses
em acordes orientais.

Velhos colonos avançam
com carroças barulhentas.
Crianças e cães baldios
semeiam a primavera.

A serra prova em favos
a doçura do vento,
desliza suavemente
rumo às canhadas  e vertentes.

Infindáveis rios
deságuam murmúrios
entre plumagens de araquãs,
a levar pedras no bico.

Ao longo do horizonte
o astro da sabedoria,
rastro visível do que um dia
foi a presença dos deuses.

Onévio Zabot 
In Arco de Pedra

Um comentário:

Luiza França disse...

´Linda percepção!

Gentil poesia e olhar!

Bjsss