Segue-me o rio
seus murmúrios.
Não sei seu nome.Apenas escamas de luz o fazem
meu rio perseguidor.
Atirou-se a nudez nas águas
- seixo que o sol irisa -
Calmo ou caudoloso
sem nome
não tem afluentes;
é além da geografia
não tem mesmo nenhum lugar
para correr
um leito para dormir.
A menina o seguia.
Seduzida perdeu-o
na imaginação.
Era o rio que a seguia
ou ela seguia o rio?
Quem enlouquecia no verdor das ravinas
mãos líquidas espalhando
longos cabelos - de qual dos dois?
E aquele fragor de palavras
inacabadas, sem sentido?
A quem perguntar que rio é esse
Apenas direi: é o meu rio perseguidor.
Dora Ferreira da Silva
In Cartografia do Imaginário
tela Ernest Walbourne
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