25/11/2011

I - AS ANNAMÁRIAS


Levanta sob as pálpebras fechadas
debaixo da retina,
debaixo da memória dos dias
quando decifrámos a presa dos temporais
em teu jardim parado e temporal.

Amada,
que tempo nos teve,
que tempo nos houve,
que tempo
deteve aquelas águas que nos alagaram
no largo amado de nosso tempo amado,
atado e desatado,
com as palavras que explodem agora
e retinem
dentro do vácuo mais aberto
que a duração de um dia,
onde gritar
é fender o ar da ausência.

Embarcamos na noite.
E tudo é tão vago.
E tudo é tão tenso
e os fogos de dentro,
nos queimam e nos queimam e nos queimam,
e eu recolho
as cinzas deste deslumbramento
e te aguardo
com a lenha de meu sangue
e o sangue de meus dias para sempre
- para sempre sangue de meus dias.

Lindolf Bell
In As Annamárias

Nenhum comentário: