13/02/2012

AS CANTIGAS DO TEMPO


As cantigas do tempo que me envolvem
não são apenas as que me envolvem,
serenas, às ondas do mar de Vigo.

Vêm de eidos, eiras, muros e travessas,
formam de um puzzle as incontáveis peças,
mas me rondam e estão sempre comigo.

Não são distantes peças de antiquário
ou jazigos de um parque funerário.
São estufas repletas de ar amigo.

A música do tempo me transporta,
como um menino, à intransponível porta
que se antepõe ao amigo e leva ao tigo.

Essa canção do tempo corta a ria
e me conduz à arcaica romaria
sobre as ondas anciãs do mar de Vigo.

Reynaldo Valinho Alvarez
In Galope do Tempo


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