I
Na feitura do teu ser
Natureza e arte porfiaram.
Alguém deve te decifrar:
Que, puro amor, seja eu.
Talvez também me decifres,
Me faças voltar ao princípio,
E nos encontraremos os dois.
Sentado na varanda do abismo
me encontro agora: pelos teus cabelos
Hei de me fixar à terra.
II
Pura chama coração desconhecido
O desejo de me absorver em ti
De nada deixar para as outras,
O cansaço da mentira, o sonho azul:
Eis Maria da Lucidez o que me move
Eis o que vem ágil voando
Trazido pelos elementos do ar
Até os teus campos de cristal e fogo.
Murilo Mendes
In Poesias e Prosa
Tela Juan Fortuny
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