15/03/2012

A VALSA



Move-se, treme, anseia, empalidece,
Cai, agoniza; acaba-lhe nos braços:
Resfolga, arqueja, torna, reaparece,
Solda-lhe o seio, a boca, as mãos, os passos...

Gira, volta, circula...os olhos lassos
Têm  langue, mole, voluptuosa prece:
A fronte branca ao colo dele esquece...
Atam-lhe as carnes invisíveis laços...

Na sala, a um vão, inquieto a vejo... e o vejo!
Sofrer?!... não sei...mas toma-me um desejo,
Ao ver um só nos dois, o grupo enleado...

Rojar-me ao chão, à terra de repente,
E nas voltas daquela valsa ardente
Morrer em baixo de seus pés calcados!

Luís Delfino
In Melhores Poemas
tela Victor Gabriel Gilbert 

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