Maio, seis e trinta
da manhã. O céu
docemente como
lembrança de céu.
Calmaria nas
folhas. E o anjo
iluminador
numa dança branca
vai tocando de alma
cada ser e objeto,
até o recôndito,
último deserto
que eu sentia e eis
que não sinto já,
Maio. Seis e trinta
e três. Nesta paz,
neste papel, com
esta tinta azul
(qual lembrança), gravo
o que se faz tudo
em mim, e que peço
se cumpra: o desejo
de ser este o meu
final de endereço.
Ruy Espinheira Filho
In Poesia Reunida
tela Roger Harry
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