06/05/2012

A FLOR DO INSTANTE

   
 
 
Tecer com fios de agora o recebido
é intensificar o afeto conquistado.

Agradecer pelo verde das manhãs,
pelo sol que descortina sonhos luminosos,
espanta o saudosismo:

vivemos no ontem
e o hoje se reveste de primaveras.

Acalentamos um desejo que não chega,
prevendo que a flor nasça
revestida de possibilidades.

Em que parte do caminho
esquecemos o botão?
Por onde quer que andemos,
as experiências se vestem de pétalas
porque o néctar do presente nos brinda com asas.

Para que possamos voar,
manter a alma com os pés no chão,
sentir que entre mares e vales desponta a esperança,
é preciso o toque da flor do instante.

Regar o aprendizado do momento nos impulsiona.
O que brota da terra-relacionamento
conduz o humano ao amor fértil.

Feliz quem não se poupa do espontâneo,
pois o instantâneo fotografa vontades.
Pular sem redes é descruzar braços: o carinho entreabre portas.

Na ponta dos pés, o desânimo tenta sentar-se à mesa.
Cadeiras ocupadas pela emoção preenchem o tédio.
Corpos de cristal exigem mãos habilidosas.
Agarre as oportunidades!

Rita de Cássia Alves
tela Marc Chagall

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