Na foz do rio, o vento desenrola
a linha de um discurso nunca dantes:
a eloquência das ondas numa escola,
o silêncio dos astros nos sextantes.
(Na foz do rio aquela voz premente
também se desdobrou pelo oceano:
seguiu o rumo incerto da corrente,
foi como a espuma de um desgosto humano.)
Na foz do rio, a rede que se lança
tem a forma da imagem que não trinca:
esta linguagem cheia de esperança,
esta saudade que se faz longínqua.
(Na foz do rio aquela voz não finda,
se mistura à folhagem e algo espreita:
talvez a cena de uma história linda,
alguma arte de amar, sempre imperfeita.)
Gilberto Mendonça Teles
In Plural de Nuvens
tela Yuri Dubinin
Um comentário:
Há sempre cantos encantantes nos rio, mas o canto que me trouxe aqui, foi o canto da poesia... Lindos textos!
Abraços e uma linda semana
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