06/05/2012

FOZ




Na foz do rio, o vento  desenrola
a linha  de um discurso nunca dantes:
a eloquência das ondas numa escola,
o silêncio dos astros nos sextantes.

(Na foz do rio aquela voz premente
também se desdobrou pelo oceano:
seguiu o rumo incerto da corrente,
foi como a espuma de um desgosto humano.)

Na foz do rio, a rede que se lança
tem a forma da  imagem que não trinca:
esta linguagem cheia de esperança,
esta saudade que se faz longínqua. 

(Na foz do rio aquela voz não finda,
se mistura à folhagem e algo espreita:
talvez a cena de uma história  linda,
alguma arte de amar, sempre imperfeita.)

Gilberto Mendonça Teles
In Plural de Nuvens
tela Yuri Dubinin 

Um comentário:

Janaina Cruz disse...

Há sempre cantos encantantes nos rio, mas o canto que me trouxe aqui, foi o canto da poesia... Lindos textos!

Abraços e uma linda semana