26/03/2013

TUAS PALAVRAS, AMOR




Como são belas e misteriosas tuas palavras, Amor!
Eu não as tinha pressentido,
eu era como a terra sonolenta e exausta
sob a inclemência do céu carregado de nuvens,
quando, igual a uma chuva torrencial de verão,
tuas palavras caíram da altura em cheio
e se infiltraram nos meus tecidos.

O' a minha pletora de alegria!...
As árvores bracejaram recebendo as bátegas entre
                                                                                   as ramas,
as coroas bailaram numa ostentação de taças repletas,
os frutos amadurecidos rolaram bêbedos no solo,
E eu vivi a minha hora máxima de lucidez e loucura
sob a chuva torrencial de verão!

Como são belas e misteriosas tuas palavras, Amor!...
Minha alma era um rochedo solitário no meio das ondas,
perdido de todas as cousas do mundo,
quando, ao passar dentro da noite na tua caravela
                                                                                fugaz,
tu me enviaste a mensagem suprema da vida.
A tua saudação foi como um bando de alvoroçadas gaivotas
subindo pelas escarpas do rochedo, contornando-lhe
                                                                                     as arestas,
aureolando-lhe os cumes.

E a minha alma esmoreceu ao luar dessa noite,
- ilha branca da paz, num sonho acordado...

Amor, como são belas e misteriosas as tuas palavras!...
 
Henriqueta Lisboa
In Traço de Poeta
tela Willem Haenraets

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