02/06/2013

A FORÇA DO DESTINO




Apalpo a vida.
Ascultando-lhe a ruidosa exuberância,
aprendi que nada exige a minha presença.
Unicamente meu corpo narrador
afina-se às próprias funções,
e tece uma respiração ajustada a um sistema
de ar mediante o qual componho notas  
musicais e espasmos.
Apenas o sol é indispensável.
Quando escurece e na caverna da terra
as carnes humanas imergem no sono
com espantosa credulidade.

Nélida Piñon
In O Jardim de Judith
tela Felix Mas

Nenhum comentário: