25/07/2013

NOCTURNO




Olhos que se espreitam
bocas que se tragam
 
elances pro voo
perpassam o pasmo
da malha ferida
na teia abraçada
 
Nas lides do amor sondo e abrigo
O segredo perdido do meu ser
 
soaram fanfarras
secretas miragens
tacteiam razão
 
Nas lides do amor sondo e abrigo
 
mas cerram os olhos
cansados de assombro
as bocas floriram
o ventre das bocas
 
O segredo perdido do meu ser
Que se revela quanto mais me escondo
 
trepidam tambores
castelos tombaram
à luz dos archotes
que estrelas vermelham
esfolhadas na noite
 
O segredo perdido do meu ser
 
crispadas mãos roucas
sem nexo flutuam
enlaçam deslaces
há unhas e dedos
 
Que se revela quanto mais me escondo
No ser que me define a própria lide
 
porque buscas longe
se tens em ti
porque tenho longe
o que busco em mim
 
Nas lides do amor sondo e abrigo
O segredo perdido do meu ser
Que se revela quanto mais me escondo
No ser que me define a própria lide.
 
Helder Macedo
In Viagem de Inverno e Outros Poemas 
tela Ognian Kouzmanov

Nenhum comentário: