25/02/2014

SETE HORAS DA TARDE



"Alguém descobriu uma metáfora nova para designar o cair
da tarde: 'a hora do espadarte' ".
(Murilo Mendes)
 
O basilisco me crava uma íris
na hora do espadarte.
Ponteio as cordas metálicas do cistro para que o basilisco
não devore nuvens.
 
Se não sonhamos,
basilisco vem nos fincar ervas más.
Uma das cordas do cistro rompe,
a do coração?
 
Entre o mal do basilisco e o bem do cistro,
paira na tarde do deserto uma chuva branca
que rabisca oceano naquele que sonha,
 
não com palavras nem com a eternidade,
com nuvens é que sonha aquele que só tem
incertezas para dourar a hora do espadarte.
 
Fernando José Karl
In Desenhos Mínimos de Rios
Imagem Dorina Costras

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