16/06/2014

VÉRTICE



Abrir as portas
uma a uma,
galgar a coluna,
fechar o fosso.
Dissolver a resina,
limar a ferrugem,
cuspir o caroço.
Tomar o caminho morro acima.
 
Enlaçar o sol
para não deixar que o frio entranhe,
inalar a chuva antes que a febre assanhe,
lubrificar o vento.
 
No terceiro movimento,
chegar ao cume.
Afofar nuvem,
flutuar estrela,
adotar depressa uma vagalume,
é preciso iluminar a vertente
o suficiente, pra nunca mais descê-la.
 
Flora Figueiredo
In Amor a Céu Aberto
arte Oleg tchoubakov

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