31/07/2014

A NEGAÇÃO E SUAS PAREDES ÚMIDAS



Há um remendo novo
nas presas da aranha.

Seus sensores
estranham insetos,

habitando almas.

Sucos digestivos
amargam a teia desfeita:
Aracne vence a deusa Atena,

mas o amor tece a morte.

Ficam as articulações feridas,
e da pele surgem cutículos
desprotegendo a visão:

oito olhos sangram.

Aracnídeos brincam de sonhar nos vãos da porta,

cegos para o enamoramento.

Rita de Cássia Alves
In Fios de Agora
arte Jacopo Robusti,called Tintoretto
Athena  and Arachne

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