11/08/2014

SONETO DO DESMANTELO AZUL




Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder  de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos 
e colori as minhas mãos e as tuas.
 
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
 
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em  nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
 
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
 
Carlos Pena Filho
In Melhores Poemas   

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