16/11/2014

A SUCESSÃO DO SER



Nas embocaduras do tempo,
no momento do eterno dia
em que sobrar da noite o resto,
o mundo à cor dos olhos vaza
o branco inicial do mundo:
 
Emborcaremos sóis e luas
na cegueira de outro universo?
Como criá-lo, senão aos olhos,

como criá-lo, senão a um mundo
alheio e cego a nosso teto?
 
Quem renasce outra vez de novo
se enche de vida uma outra vez.
No sábado, gira o crepúsculo.
No domingo, que azul condômino
cobrará ao hóspede o instantâneo?
 
Nada haverá eternamente
exceto as coisas que serão
do tempo e do seu esquecimento.
Se renasço outra vez, de novo
me encho de morte para sempre.
 
Nauro Machado
In Opus da Agonia 
arte Aleksandrina Karadjova  

Nenhum comentário: