29/12/2014

SONETO DO ANO-NOVO



Sob as primeiras luzes de janeiro,
sente ainda enfunar-se a alma rota
de cinquenta e oito anos nas derrotas
que vai singrando, rude aventureiro.

Medita, nesta praia de janeiro,
sonhando nas espumas novas rotas.
Sua alma é ainda a mesma: essas derrotas,
e os oceanos, e os ventos, e o veleiro.

Alma rota, porém ainda capaz 
de respirar palmares e areias
virgens, e ir à sua busca, até que a paz

pouse nas velas e acenda no mar
- doce de azuis abismos e sereias -
um dia lindo para naufragar.

Ruy Espinheira Filho
In Estação Infinita e Outras Estações
arte Elizabeth Blaylock

Nenhum comentário: