Para Tancredo Neves
O poder se dilui em sorrisos
mas não disfarça as rugas dos rostos
onde olhares cansados
testemunham sobressaltos e angústias
Há cigarros e rabiscos nervosos
em papéis sobre a mesa
em que se debruça a República
com seus homens sofridos
e os problemas que desfilam à meia-voz
Na sala, os gestos
e o calor dos debates
se refugiam nas sombras
da paisagem monótona
A linha do horizonte
separa o Palácio
do Brasil que tem fome
das terras sem semente
dos meninos sem mestre
dos enfermos sem remédio
dos trabalhadores sem ferramenta
dos moribundos sem esperança
e das crianças que nascem
para um futuro melhor.
Mauro Salles
de O Gesto
arte Andrius Kovelinas
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