13/11/2008


Foto de Aker

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Abelha branca zumbes, ébria de mel, em minha alma
e te torces em lentas espirais de fumo.

Sou o desesperado, a palavra sem eco,
o que tudo perdeu, o que já teve tudo.

Amarra extrema, range em ti minha ânsia última.
Em meu país deserto és tu a última rosa.

Ah, silenciosa!

Fecha os olhos profundos. Além adeja a noite.
Ah, desnuda teu corpo de estátua temerosa!

Tens profundos os olhos onde a noite esvoaça,
Frescos braços de flor e regaço de rosa.

Teus seios se assemelham a caramujos brancos.
Veio dormir em teu ventre uma borboleta de sombra.

Ah, silenciosa!

É aqui a soledade de onde estás ausente.
Chove.O vento do mar caça errantes gaivotas.

A água anda descalça pelas ruas molhadas.
Queixam-se, como enfermos, naquela árvore,as folhas.

Abelha branca, ausente, tu zumbes em minha alma
e revives no tempo, delgada e silenciosa.

Ah, silenciosa!

Pablo Neruda
In Vinte poemas de amor

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