27/12/2008
ALADOS
Vamos todos morrer alados
como esses loucos voltados
para seu próprio segredo.
Vamos morrer (não de medo)
entre módulos, estreitas
naves de asas suspeitas,
acoplagens, sinais raros
de outros mundos, anteparos
contra nossa própria e triste
solidão que nem existe.
Que nem existimos:sós
embora, amargos, nós
vemos fugir nossos passos,
nossas vozes, nossos traços,
e sucumbimos aos poucos
como bichos vãos e ocos
num pouso instável pousados.
Vamos todos morrer.Alados.
Alphonsus de Guimaraens Filho
In Discurso no Deserto
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