Ouço passar o tempo por teu cabelo,
como seguimos com o pensamento
um dia antigo ou uma melodia.
Especialmente pela primavera.
Ouço correr o tempo no meu sangue,
quando teu nome me perfuma o rosto
como um jasmim contínuo.Quando sinto
a mordida vermelha do verão.
Ouço passar o tempo pelos álamos,
especialmente quando é o outono,
e ando pela ribeira daquela rio
que sabe, amor, o teu nome e sobrenome.
Ouço passar o tempo entre os sonhos,
especialmente quando é o inverno
e o piano, amor, ouve cair a chuva,
cair a tarde, uma pétala, o equecimento.
Eduardo Carranza
In Antologia Poética
tela Herbert James Draper
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