08/12/2008


Foto de Rosa Gambóias

POESIA
Ao poeta Carlyte Martins

Não morrerás, Poesia, enquanto houver no mundo
Um derradeiro gênio sonhador,
Que ame as estrelas, ame o céu profundo,
Mergulhando a cabeça no esplendor.

Não morrerás,Poesia, enquanto houver alguém
Que, de alma sã, ou de alma dolorida,
Saiba mudar os desencantos em
Sonoridade, idealidade,vida.

Enquanto houver quem veja, com alma, a Natureza:
A floresta, o rochedo, o sol no mar...
Quem ame o belo, e faça da beleza
A sua eterna túnica estelar.

Quem, sobre as ondas, mar em fora, do navio
Veja o horizonte como um fogaréu,
E, na doçura da estação do estio
A cor da aurora emoldurando o céu.

Os anseios da vida, os milagres do amor,
Os contrastes da glória e do martírio...
Uma gota de orvalho numa flor,
Um besouro na pétala de um lírio.

Não morrerás, Poesia, enquanto houver quem ouça
Os pássaros cantando no arvoredo,
Veja o florir da Primavera moça
E uma vela no mar como um brinquedo.

Não morrerás, Poesia, enquanto houver quem veja,
Nos belos dias estivais,em bando,
Nuvens que o vento leva e que espaneja,
Nuvens de noivas pelo céu valsando...

João Pessoa - Paraíba,22.06.1937

Sabino Campos
In Natureza

Nenhum comentário: