22/07/2009

ODE ÀS MANHÃS TRANSFIGURADAS


Sim,
Outras são as manhãs
Após as chuvas
Em doces gotas de amêndoas
E emblemáticos suores de uvas.

Manhãs em hortas regadas,
Frescor de sumos, feiras livres-
‘Salsa, sálvia, rosmaninho, tomilho’ -
Respingos de amor em refrões medievais

Sedosas manhãs molhadas,

Especiarias mais raras,
Orquídeas do Nepal,
Cravos da Ìndia,
Poção mágica,
Erva medicinal.

Cromáticas manhãs lavadas:
Verde- ingás, vermelho-pintangas
E tantas mais cores que bailam
No pomar de líquidas miçangas.

Límpidas crisálidas,
Abelhas em trânsito,
Pássaros cantantes
Lavandas,

Geadas

E ainda turíbulos,
Aromas de incenso,
Antigas lágrimas de semanas santas
Nos missais.

Bendito, o fruto de vosso ventre,
Manhãs transfiguradas,
A germinar, a se abrir
No úmido jardim das palavras.

Fernando Campanella
In PalavreAres- Poemas,Crônicas & Imagens
foto de CaptPiper

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