20/11/2009
by Willem Haenraets
QUINTAL DAS MEMÓRIAS
Entre o bocejo e o sonho
penetro em meu quintal.
As árvores, testemunhas de minha infância,
sempre de pé, sem mudar de posição,
estão lá...vestidas de silêncio.
O flamboyant.O ipê. A sibipiruna.
O marmeleiro e suas varas flexíveis
cheio de ais arrancados pelo vento.
A jabuticabeira enfeitada de festa
com colares de ônix volteados no tronco.
A pitangueira mostra visão
de um candelabro de jóias vermelhas
ardendo em pleno dia.
Rosas circundam os beirais dos canteiros.
Entre tudo, jardins circulares
guardam amores-perfeitos.
Este era o lugar sagrado, o recanto do monólogo:
eu comigo, solidão acompanhada.
Chão lavado de chuva
recende no ar o cheiro da terra molhada.
O silêncio me interroga.
Espio as árvores vivas,
as raízes enlaçadas, os ramos estretecidos.
Minha memória aspira largamente o ar
carregado de cheiro de infância.
Dúnia de Freitas
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