30/01/2010

AMPLITUDE


















Num sossego azul, a azul eternidade.
O ouro e o sal do corpo. A ferida de água
que o vento vai lavrando.Uma ave branca.
Rumor de ser e de não ser. Ilha ou onda
que adormece e respira num rutilante sono.
Um silêncio de espuma sobre sonoras ondas.
Estou no centro de mim? Ébrio de sal,
sinto a adolescência do mundo, a infinita delicadeza
de mil estrelas ou mil palavras por abrir.
Ventos descalços desenham diademas sobre a areia.
Tudo o que vive quer viver comigo nesta pausa.
Molho os meus cabelos, os meus lábios, os meus olhos
entre peixes de luz em águas nupciais.
Onde a infinita mudez era, está a flor aberta
da amplitude.Água água luz
e mar sem nome mar com nome,
consciência que arde na serena densidade
e anelante e tranquila é a rosa azul do espaço.

António Ramos Rosa
In Animal Olhar
foto Foto de Diyana AR no Flickr

Nenhum comentário: