22/02/2010


1903 by John William Waterhouse

Quem disse que a poesia é apenas
agreste avena?
A poesia é eterna Tomada da Bastilha
o eterno quebra-quebra
o enforcar de judas, executivos e catedráticos em
[todas as esquinas
e,
a um ruflar poderoso de asas,
entre cortinas incendiadas,
os Anjos do Senhor estuprando as mais belas
[dos mortais...

Deles, nascem os poetas.
Não todos...Os legítimos
espúrios:
um Rimbaud, um Poe, um Cruz e Souza...

(Rege-os, misteriosamente, o décimo terceiro signo do
[zodíaco.)

Mario Quintana
In Esconderijo do Tempo

Um comentário:

CHIICO MIGUEL disse...

Dione,

Seu blog é um doce de leite, o melhor do mundo. Gostei demais. Prometo: Vou voltar sempre, vou fazer um link. Beleza interior (e física também, por que não?) me espanta. Tão difícil hoje, que as pessoas perderam o sentido da poesia, do poema, da ternura. Tudo.
Lá vai um poeminha meu:
POR PINTAR

Tão belo nas linhas certas,
curvas como retas,
justo no tom real!

Mas o falso transporte
do olhar traiçoeiro,
percurso do artista,
vai ficar onde?

Sem traços inquietos,
nem lábios amarantinos
cobra não se arrasta,
beija-flor não se equilibra.

braços e mãos amarrados
em movimentos esquecidos,
música do fundo apagada,
cadê o feitiço?

Alma sem sal nem paixão,
a poesia fingiu.

E o retrato ficou por pintar.

Abraço afetuoso
Francisco Miguel de Moura