20/02/2010


by Sandro Botticelli

VERSOS DE OUTONO

Quando meu pensamento vai a ti se perfuma;
teu olhar é tão doce que se torna profundo.
Sob os teus pés nus ainda há brancura de espuma
e em teus lábios resumes a alegria do mundo.

O amor passageiro apresenta o encanto breve
e oferece um fim igual para o gozo e a dor.
Faz uma hora que um nome gravei sobre a neve;
há um minuto escrevi sobre a areia o meu amor.

As folhas amarelas tombam sobre o caminho
por onde passeiam tantas duplas amorosas.
E na taça do outono perdura um vago vinho
em que hão de desfolhar-se,Primavera, tuas rosas.

Rubén Darío
(1867-1916)

Um comentário:

Sonia Schmorantz disse...

Linda escolha, o poema é doce como o outono.
beijos, ótimo domingo