Bendito o coração que não esquece
a inédita emoção do amor primeiro,
e a quem ela, no instante derradeiro,
numa benção, de súbito, aparece!
Abençoada seja, em toda prece,
a árvore que, na asperidão do outeiro,
na áurea colheita do pomar inteiro,
recorda o fruto da primeira messe!
Bendita seja, e , para o amor, sagrada,
a alma que acorda do primeiro sono
com os olhos postos na ilusão passada.
E bendita, afinal, a alma sincera
que abre na solidão do meu Outono
meu primeiro botão de Primavera...
Humberto de Campos (1886-1934)
tela de Robert Reid
Um comentário:
Belo soneto de Humberto de Campos. Lembra-me de meu poema das bem-aventuranças':
Bendito o sol
que amadurece os frutos da terra;
mais bendita a luz
por que anseia a noite escura da alma.
Grande abraço, minha amiga.
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