12/06/2010

QUEM SEMPRE FUI


Iris by Henrietta Milan

Se depois de morto
fosse possível voltar ao mundo
transformado em outra coisa,
eu não aceitaria voltar ao mundo
transformado em outra coisa.

Gostaria de viver tudo de novo
passar pelas dores que me marcaram
cometer os mesmos erros bestas
apanhar ainda até dos mais fracos
amar em segredo as mesmas mulheres
e me encantar com paisagens familiares.

Neste eterno retorno
ser quem sempre fui tantas vezes
até que a memória se encharcasse
e tudo aquilo que não reteve.

Só então eu morreria de vez.

Miguel Sanches Neto
In Venho de Um país Obscuro

2 comentários:

Maria Madalena Schuck disse...

Conhecia as crônicas e ensaios desse paranense de muito estilo, adorei ler seus poemas!
Como sempre, estás de parabéns Dione, sempre divulgando a boa poesia!
Bjs.

Dione Coppi disse...

Boa noite, Mada! Sabe, a pessoa que me indicou este poeta disse que se eu gostasse da poesia, deveria ler as crônicas que são belíssimas.Depois do teu comentário,não vejo a hora de tê-las em mãos para ler.
Obrigada pela visita!
Beijos.