17/07/2010
EM FACE DA PAZ
Para a festa de comemoração
do armistício na Rádio Basiléia
Do pesadelo de ódio e da embriaguez de sangue
acordando, ainda obumbrados e surdos
pelos clarões e ruídos mortíferos da guerra,
a tantos horrores já habituados,
das suas armas e das medonhas tarefas
diárias abrem mão
os cansados guerreiros.
"Paz" soa como o eco
de algum conto de fadas ou sonho de crianças:
"Paz" - e mal a alegrar-se
o coração se arrisca, vendo mais perto a lágrima.
Pobre de nós, humanos,
tão capazes do bem quanto do mal,
entre o deus e o animal! - Como pesava
a dor, hoje a vergonha pesa em nós com a cara no chão.
Mas temos esperança: em nosso peito
vive um ardente anelo
dos milagres do amor.
Irmãos! A nós compete
o retorno ao espírito e ao amor,
e se abrem para todos
os pedidos portões do paraíso!
Sabei querer! Esperar!Amar!
E a terra novamente vos pertencerá.
Hermann Hesse
In Andares
Tela by Pablo Picasso
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