18/07/2010

ENTARDECER NA COLINA



























À tarde, na colina, triste soa a trompa
sobem os rebanhos, caminho é luz de estrelas,
as águas murmuram jorrando das fontes;
sob uma acácia, querida, tu me esperas.

A lua navega o céu, límpida e santa,
teus olhos contemplam a rara folhagem,
nascem no azul sereno as estrelas úmidas,
são frutos das saudades, teus pensamentos.

Correm as nuvens e seus raios, pelo espaço,
à luz da lua se elevam as velhas casas,
no poço o gastelho range, à ventania,
no vale a névoa; no aprisco as flautas cantam.

Homens fatigados levam a foice aos ombros,
voltam do campo; forte ressoa a "toaca" (1),
o canto do velho sino inunda a tarde,
minh'alma arde em amor, como se em chamas.

Oh! breve a aldeia no vale silencia;
Oh! breve, os meus passos levam-me a teu lado.
Junto da acácia, passaremos a noite,
e eu te direi todo o tempo, quanto te amo.

Nossas cabeças unidas, uma à outra,
sorrindo adormeceremos sob a altiva
velha acácia: - Por tão venturosa noite
quem, toda vida, não entregaria?


(1) toaca é uma espécie de instrumento de percussão, de metal
ou de madeira,usado nas igrejas, no qual se toca com martelo,
para chamar à prece.

Mihail Eminesco
In Antologia da Poesia Romena
Tela by Sir Thomas Lawrence

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