06/08/2010

CANÇÃO AO PAI DISTANTE




Rastreio em mim
silenciosas dores
noturnas penas
voos solitários
buscando luzes
chaves-claridades
do escuro enigma
o ponto de ruptura.

Em que noite escura, pai, nós nos perdemos?

em vão percorro
caminhos já trilhados
desertas ruas
becos sem saída
em meio a tantas sombras
eu te procuro
em ressonâncias
de canções inúteis.

Em que cantiga triste, pai, emudecemos?

Cravo as unhas afiadas
nas nossas memórias
até que o sangue
aflore em minha pele
lembranças esculpam
gotas do meu pranto
lavando na alma
as noites assombradas.

Em que rastro de luz pai, nós, nos veremos?

Maria Lucia Nascimento Capozzi
In Álbum de Retratos 
tela by Carol Walklin





2 comentários:

Eloah disse...

Lindo poema.Parabéns!" Em que noite escura nos perdemos?" Triste mais real, porque o amor continua a sua cantiga em busca da redenção e do reencontro. Homenagem belíssima às vesperas do Dia dos Pais. Um grande abraço Eloah

Maria Madalena Schuck disse...

Parabéns Dione, se eu tivesse pai para dedicar um poema, certamente seria esse!
Beijosss