28/09/2010

MANHÃ DE ABRIL




Uma manhã nasceu,
de nevoeiro e cinzas,
perdida no rumor
de barcos à deriva,
sem mastros, nem vida.

Um suave odor,
a pétalas descoradas
se desprendeu,
e embaciou o meu olhar
de lágrimas,
pela chuva fria
abandonadas.

E um secreto milagre
me seduziu,
o sangue
se liquefez em orvalho,
ao ver fugir
a estrela da madrugada
no silêncio da memória,
do primeiro dia da minha vida.

João Maria Nabais
tela de Claude Monet

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